terça-feira, 11 de agosto de 2009

Haitianos exigem retirada das tropas brasileiras


Brasília (DF) – A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados recebeu, nesta quinta-feira (6), a visita de dois dirigentes sindicais do Haiti. Raphael Dukens, da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Setor Público (CTSP), e Louis Fignolé Saint-Cyr, da Central Autônoma dos Trabalhadores do Haiti (CATH), acompanhados por Markus Sokol, membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), foram recebidos pelos deputados Luiz Couto (PT-PB), presidente da CDHM, Pedro Wilson (PT-GO), vice-presidente da Comissão, e Fernando Ferro (PT-PE). Na reunião, que durou cerca de duas horas, os dirigentes sindicais solicitaram a participação de uma comitiva de parlamentares brasileiros na Comissão de Investigação Internacional a ser realizada na capital Porto-Príncipe entre 16 e 20 de setembro. O evento está sendo preparado pela sociedade civil haitiana e conta com o apoio de inúmeras personalidades internacionais, como o escritor uruguaio Eduardo Galeano. Além do convite à participação brasileira na atividade, os haitianos reivindicaram aos deputados o reforço do apelo junto ao governo brasileiro para a retirada gradual das tropas brasileiras da Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah, no francês) e o apoio para ações de desenvolvimento econômico e social do país. “Seria muito mais importante que o Brasil ajudasse o nosso país a construir escolas e hospitais do que atuar com tropas militares”, afirmou Saint-Cyr. A alegada situação de insegurança pública generalizada, que justificaria a manutenção do que muitos consideram uma ocupação militar, não condiz com a realidade, segundo os sindicalistas haitianos. “A violência aumenta apenas a cada vez que se aproxima o período de renovação de permanência das tropas, no mês de outubro, mas a normalidade vigora nos demais períodos. Se houvesse insegurança, seria praticamente impossíve circular num país com oitenta por cento da população desempregada e vivendo na miséria. E os índices de violência, como o número de assassinatos, são até menores do que em algumas regiões do Brasil e dos países vizinhos.”, declarou Dukens, acrescentando que o general brasileiro Santos Cruz já declarou que o problema haitiano não é de segurança, mas de desenvolvimento social. Dukens e Saint-Cyr também criticaram duramente os Estados Unidos e a França e lamentaram que o Brasil esteja chefiando a Minustah. “Os EUA e a França nunca perdoram o Haiti por ter sido a primeira república negra independente das Américas e até hoje querem que paguemos o preço por esta ousadia. Para nós, é constrangedor que o Brasil esteja no comando das tropas, já que existe uma amizade histórica entre os nossos países”, disse o representante da CTSP. Os deputados Couto, Wilson e Ferro se comprometeram a apresentar requerimentos à CDHM para a realização de audiência pública sobre a situação do Haiti – particularmente acerca da atuação do Brasil na Minustah – e sugerindo à Câmara a participação de parlamentares brasileiros na Comissão Internacional de Investigação. Os dirigentes haitianos estão percorrendo vários países para relatar a situação do seu país e angariar apoios políticos para o evento. No Brasil, eles também participam de atividades do 10º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores, que ocorre de 3 a 7 de agosto, em São Paulo(SP). Mais informações: Rogério Tomaz Jr.Assessor de Comunicação Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados Telefone: (61)3216.6570 / 8105.8747 – e-mail: cdh@camara.gov.br Site: http://www.camara.gov.br/cdh

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