Desde que as fortes chuvas caídas no mês de junho devastaram 67 municípios de Pernambuco e quase 30 de Alagoas, a solidariedade, não só dos nordestinos, mas de todo o Brasil tem sido vista em forma de doações para aqueles que perderam tudo. Na contramão, internautas que se utilizam da rede social Orkut passaram a demonstrar outro tipo de “preocupação” com as vítimas das enchentes: um possível aumento da migração de nordestinos para o Sudeste.
Cheias de depoimentos preconceituosos e discriminatórios - os usuários chegam a se referir aos nordestinos comomerdestinos e animais -, as comunidades abrigam declarações do tipo: “Pessoal com essas enchentes no nordeste acho que os cabeçudos vão vir em massa pra SP, tô muito preocupada com isso. Vai ter mais lixo do que já tem aqui”, declarou a usuária Julia Shellman, membro da comunidade Eu odeio nordestino.
As frases postadas pelos membros da comunidade causam estarrecimento não só pelo preconceito com a região, mas igualmente pela falta de sensibilidade e respeito aos mais de 50 mortos e mais de 100 mil desabrigados e desalojados nos dois estados.
Confira trechos do diálogo entre os jovens sobre o assunto:
Nadine Santos: “eles deviam aproveitar que alagou tudo por la e nadar um pouquinho eles adoram agua suja...”
Confira trechos do diálogo entre os jovens sobre o assunto:
Nadine Santos: “eles deviam aproveitar que alagou tudo por la e nadar um pouquinho eles adoram agua suja...”
Thomas Rebel: “Eles não conseguem nadar, pois a cabeça deles os faz afundar como uma ancora! Mas o q seria mais sujo, a agua da enchente ou os merdestinos? // Seria bom se todos eles morressem na enchente, afinal nordestino é um animal q não sabe nadar!!!"
Outras comunidades similares também existem (algumas desde 2008) como a intitulada Não queremos nordestinos em SP e Eu odeio o Nordeste, mas o conteúdo ganhou proporção o marcador Enchente no Nordeste começou a ser divulgado na rede de microblogs Twitter. Ofendidos, nordestinos passaram a responder no mesmo tom de ofensas com que foram atacados e prometeram denunciar aos responsáveis legais do Orkut e à Polícia Federal a prática discriminatória do grupo.
O psicólogo americano Allport, criador do método para medir o preconceito na sociedade, definiu: “o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que em determinadas circunstâncias podem se transformar em raiva e hostilidade”. Já para o filósofo Adorno (1950) o preconceituoso possui “uma personalidade autoritária ou intolerante”. Seja qual forem os motivos que levaram estas pessoas a divulgar o ódio que sentem pelos nordestinos, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já está adotando as medidas necessárias para punir os responsáveis.
“Identificamos na comunidade o crime de racismo, incitação a violência, incitação ao crime e vamos levar o caso a Polícia Federal. Há ainda a possibilidade de o estado de Pernambuco entrar com uma ação contra o Google que permitiu e permite que estas páginas estejam no ar”, explicou o procurador do MPPE José Lopes, especialista em crimes cibernéticos.
Por Ana Luiza Machado da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO. COM.BR
Outras comunidades similares também existem (algumas desde 2008) como a intitulada Não queremos nordestinos em SP e Eu odeio o Nordeste, mas o conteúdo ganhou proporção o marcador Enchente no Nordeste começou a ser divulgado na rede de microblogs Twitter. Ofendidos, nordestinos passaram a responder no mesmo tom de ofensas com que foram atacados e prometeram denunciar aos responsáveis legais do Orkut e à Polícia Federal a prática discriminatória do grupo.
O psicólogo americano Allport, criador do método para medir o preconceito na sociedade, definiu: “o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que em determinadas circunstâncias podem se transformar em raiva e hostilidade”. Já para o filósofo Adorno (1950) o preconceituoso possui “uma personalidade autoritária ou intolerante”. Seja qual forem os motivos que levaram estas pessoas a divulgar o ódio que sentem pelos nordestinos, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já está adotando as medidas necessárias para punir os responsáveis.
“Identificamos na comunidade o crime de racismo, incitação a violência, incitação ao crime e vamos levar o caso a Polícia Federal. Há ainda a possibilidade de o estado de Pernambuco entrar com uma ação contra o Google que permitiu e permite que estas páginas estejam no ar”, explicou o procurador do MPPE José Lopes, especialista em crimes cibernéticos.
Por Ana Luiza Machado da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO. COM.BR
Comentário
por ocasião do 13 de maio deste ano, participei de uma mesa-redonda que reuniu intelectuais negr@s das áreas de economia, antropologia, história; um dos temas que acabou se destacando nas apresentações foi a postulação de um racismo federativo operante no Brasil, um sistema discriminatório que, na prática, embora "invisibilizado", corresponderia ao nosso apartheid, privilegiando o desenvolvimento das regiões "brancas" em detrimento das "negras". também o geógrafo Rafael Sanzio, da UnB, montou uma esplêndida exposição que compara índices sociais de municípios conforme a distribuição dos grupos raciais, chegando a conclusões semelhantes.
ou seja, essas comunidades eletrônicas racistas acabam por refletir, no plano ideológico, um processo segregacionistas mais amplo que se articularia a partir de políticas macro-econômicas, definidas por premissas acerca do investimento "produtivo", que são manobradas desde os centros federais de decisão, seja lá quem for que esteja no poder. evidentemente, quando a chave do cofre está diretamente na mão dos representantes do paulistocentrismo, a situação piora.
será que precisaremos de uma guerra civil, como a norte-americana, para resolver isso? será que os royalties do pré-sal se tornarão no estopim objetivo dessa guerra?
Por Jesiel Oliveira Filho
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