quinta-feira, 30 de abril de 2009

Vjing e o Cinema Transcendental

VJ Koyrana em performance
Entrevista cedida ao jornal do curso de jornalismo da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal da Bahia


Olá, Seguem as perguntas para a reportagem:


1) Desde quando você é vj? Há eventos dos quais participa com freqüência?

Desde 2005. Atualmente concilio o meu trabalho de DJ com a performance de VJ, isso quando alguém mais interado sabe o que é VJ e se interessa em contratar os dois em um. Ultimamente tenho feito pouco vijing pela falta de procura.


2) Você manipula vídeo ao vivo? Existe alguma diferença em fazer ao vivo ou não?

Acho que edição em tempo real é um diferencial, tenho tentado aprender mais sobre alguns softwers de vijing, mas como matenho um banco de imagens, gosto de prepará-las na ilha de edição antes e prever os movimentos e os temas que se harmonizem melhor com os estilos musicais. Além de poder tratar a definição e a testura das imagens anteriormente, podendo escolher com calma cada efeito e movimento aplicado. Sem falar que a qualidade da projeção em DVD ou em arquivo de alta resolução, a depender da qualidade do projetor, é melhor.


3) Como você avalia a contribuição de pessoas como o Daniel Lisboa e o coletivo Soononmoon para o vjing em Salvador?

Depois de conhecer Vj Hare - Daniel Lisboa ainda na escola de cinema, me interessei muito por essa nova possibilidade de expressão. Comecei a frequentar festas eletrônicas e a me influenciar pelo Psytrance. Sempre fui muito mais consumidor de música orgânica, rock e outros estilos de e-music, mas depois de algumas noitadas na companhia dessa grande figura, me joguei de vez na esbórnia eletrônica de Dendêtown. Confesso que não sou um "tranceiro" e que nunca quis fazer parte da cena em sí, ia mais como um estudioso da imagem e do som e acabei entrando para outro coletivo só de VJ'S.


4) Como você avalia sua participação na cnstrução do cenário soteropolitano de videoarte?

Na época que comecei com o trabalho de VJ, a quatro anos atrás, nós: eu, Hare - Daniel e Gabirú - David, já tinhamos feito o vídeo FHC - "O fim do homem cordial" que na minha opnião é um divisor de águas da arte audiovisual baiana. Depois comecei a fazer vídeos na escola tendo como principal influência a liberdade estética da "videoarte", que passei a utilizar em meus trabalhos, associada à temas políticos, como o crime ambiental causado pelo esgoto sanitário do complexo turístico Costa do Sauípe, apresentado no vídeo "Peleja", ou ainda num outro trabalho onde, sem a menor pretenção, profetizo de forma irônica o surgimento de uma transtelevisão, o "Cinema Transcendental", ambos disponíveis na rede. Não me sinto preso a "cenários artísticos" e tal, me vejo como um artesão de um "bando" descentralizado, espalhado, mas que a qualquer momento pode se juntar e fazer uma revolução temporária.


5) Acredita que a cena de VJs em Salvador está crescendo? Existe "mercado" para o vjing?

Não sei. A dois anos estou morando fora de Salvador, em outro estado, outra realidade. Nesse tempo estive em Salvador umas quatro vezes, alternando períodos longos e viagens de férias. Vejo que ainda é algo desconhecido do grande público. A não ser os da rede de reives e festas eletrônicas.


6) Percebemos que os VJs tem diversas formas de fazer essa arte. Muitos fazem videoarte previamente e manipulam ao vivo, outros manipulam imagem em tempo real, por exemplo de webcam. Qual a sua forma de vjing?

Minha proposta de projeção atualmente é pré-concebida, o que não me impede de também usar softwers específicos e mixar na hora, na minha opnião o improviso e a sincronicidade das linguagens depende mais da sensibilidade, da pesquisa, do repertório imagético, musical, estético e simbólico do Vj do que da técnica escolhida. Acho que estudar semiótica e cinema entre outras coisas é um bom começo para se jogar na aventura.


7) Você acha que há diferença entre vj, video-arte e videoclipe?

Há sim diferenças, mas que podem ser diluídas em uma obra nova, sensível e original. Vejo o Vijing mais como um hábito novo de fruir imagens, como no cinema, mas implodindo a caixa cinematográfica e desconstruindo a noção de narrativa sem deixar de transmitir narratividade. Vc faz o seu próprio cinema, com imagens, músicas, cenários, pessoas e outras coisas mais... Artistas de terceiro mundo tem que se utilizar de qualquer possibilidade de expressão que esteja a mão e o vídeo é uma linguagem-meio razoavelmente barato de produzir. O vídeo clipe já estrapolou suas fronteiras estéticas e narrativas, principalmente com o surgimento da música eletrônica.


8) Há muito intercâmbio entre VJs baianos e de outros locais? Como ele acontece e reflete na sua arte?

Sinto que nós Vj's precisamos articular mais nossas linguagens. Precisamos ousar mais, teorizar, sem perder o feeling, o tesão. Agora que estou fora de Salvador, morando no interior, quase não tenho visto nada de novo. Quando vou a São Paulo ou a BH, tenho a oportunidade de ver trabalhos de outros profissionais, nada que me impressione. Sei do petencial da minha geração e acredito que ainda veremos muita coisa se transformar e com certeza estaremos seguindo em frente. Para qualquer Vj é indispensável ir ao Universo Paralelo, nisso os VJs de Dendêtown saíram na frente.


Roteiro e Direção - Andrigo de Lázaro (DJ VJ Koyrana)
Cameras - Andrigo de Lázaro e Coletivo Transcendental
Edição - Andrigo de Lázaro e Coletivo Transcendental
Desenho de áudio - Andrigo de Lázaro e Coletivo Transcendental
Off - Tio Lula e Xicão Xucurú
Trilhas - Bnegão, Otto, Nação Zumbi, Mundo Livre, DJ Semente

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