domingo, 31 de maio de 2009

Duo Jazz Fusion, DJ VJ Koyrana e EDWORLD no SIBIPIRUNA

Todos os sábados de junho no Sibipiruna Bar. Jazz Fusion, Afrobeat baiano, Nujazz e muito mais. Participações especiais, Jam Session, Vijing performance.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Esposição Fotográfica " ALTAR DOS PROTETORES "

POR VJ KOYRANA - ANDRIGO DE LÁZARO

PADROEIROS

PROTETORES


JORGE, LÁZARO, MARIA E OMOLÚ

SULTÃO DAS MATAS

BUDA MAYTREYA

A PADROEIRA DOS TAMBORES CELESTIAIS

SANTO PRETO


MÃE DE TODOS OS HOMENS


DEUS ORIXÁ REI DA TECNOLOGIA ( ( ( OGUNHÊ ) ) )

domingo, 24 de maio de 2009

Segunda Noite DUO JAZZ FUSION e DJ VJ KOYRANA

Sistema Difusor de Ritmos Ancestrais. DJ VJ Koyrana e seus Protetores. Cinema dos Sentidos.

Edworld grande amigo, mestre e irmão.


Kastoryno e sua performance empolgante


DJ VJ Koyrana e Edosn Junior. Transe Xamânico


Duo Jazz Fusion em ação

Carros apressados, movimento de pessoas saindo de casa em busca de diversão. O relógio do Center Convencion em destaque sobre nossas cabeças. Céu fino, estrelado, perto. Inverno, seco, cerrado. Buzinas, motores, passos, fumaça de churascaria. Noite. DUO JAZZ FUSION sobe novamente ao palco - Sábado (23 de maio de 2009). EDWORLD e DJ VJ KOYRANA a postos. Kastoryno no comando de sua bateria, solta a mão! A simbiose musical recomeça, suave, descontraida, destilada e filtrada pelos ouvidos atentos. São 23:30, a "sonzera" jazz, "brazuca", pop, afro, conquista a plateia. Amigos na maioria, que sabem que essa junção, que esses músicos, que este lugar, são especiais.
A noite estava agradável, o som, agora mais potente, com mais uma caixa (graças a Kastoryno) fez a galera se agitar, dançar e como de costume rir e conversar. O eclético repertório da dupla (Guitarra e Piano) Edson e Pedrinho, fez a galera conversar menos e cantar mais dessa vez. Releitura de clássicos como I shot the sheriff de Bob Marley entre outros fizeram a plateia delirar. EDWORLD mais uma vez encantou a todos com sua voz suave e segura. A Junção do duo com o dj foi novamente estupenda, frenética e contagiante. Bases de nujazz e afrobeat acompanhadas de solos de guitarra e orgão. Bateria orgânica mixada com batida eletrônica e efeitos percussivos: Música moderna e ancestral. A mistura está ficando a cada sábado, a cada novo encontro mais homogênia, mais mestiça. O público prestigiou até altas horas e até deu canja. Foi de novo muito bom, especial, estão indo de leve, chegando de mansinho, com muito amor e espontaneidade. Quem viveu sabe. Nos encontramos no próximo sábado dia 30 (maio de 2009).

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Aécio Neves manda demitir quem fizer críticas


Filme que fala sobre as relações entre Aécio Neves, governador de MG, TV Globo e o jornal Estado de Minas. Filme produzido para a Current TV e exibido nos EUA e Inglaterra.

Mais um exemplo da perversa relação de interesse que existe entre os meios de comunicação empresariais de massa e o estado, agora em Minas Gerais. Enquanto isso os analfabetos de pai e mãe continuam escolhendo seus hérois-algozes. Quando isso vai acabar? O projeto do retorno da direita está aí! O que não será muito diferente do atual projeto da "esquerda" populista-consumista, será uma tragédia igual. Informen-se e ajam!

domingo, 17 de maio de 2009

Duo Jazz Fusion e DJ VJ Koyrana

Arte Adriana Retamal


Ontem, sábado (16/05/2009) subiram ao palco o duo de jazz (aos 44 do segundo tempo surgiu a revelação da noite, o grande baterista Kastoryno) formado por Edson Junior, guitarra, violão, pedais, virtuose e muita improvisação e o também super músico da cena local (Uberlândia -MG), Pedro Ferreira, teclado, orgão, piano, virtuose, simpatia e muita, muita improvisação sem notas fora, uma super fusão de dois músicos extraordinários, experientes, reconhecidos nacionalmente. Juntando-se, unindo-se, fundindo-se a essas duas "feras" musicais (agora 4 com Kastoryno e a maravilhosa participação de Edworld), o baino de Salvador, radicado em terras prósperas, DJ VJ Koyrana - Andrigo de Lázaro. A combinação dos sabores "sonoros", sinestésicos, se deu de forma natural, espontânea, contagiou os que lá estavam. A noite esteve bela, e as belas moças e rapazes deram ares de graça, bailando e curtindo, ao som da mistura de Jazz Fusion com o Afrobeat baiano. Edworld, Edmundinho, mestre e amigo, foi o convidado especial da noite (ele tb é um dos mentores do projeto, realizador e produtor musical). O repertório foi variado, transitando entre pérolas negras da música brasileira e do jazz tradicional, com arranjos livres, novos, improvisados, o duo jazz fusion "arrebentou", no bom sentido, arrebatou a plateia que ficou até às 2:30hs de domingo. Edworld cantou músicas próprias e releituras de clássicos da música brasileira, arranjados pela dupla. O DJ VJ Koyrana - Andrigo de Lázaro, abriu a noite, numa crescente, discotecando "transambas" do novo trabalho de Caetano Veloso, Zii & Zie. Com os toca discos, reviveu vozes de personagens do Chico Anysio (para a garotada mais nova: Chico Anysio é o maior humorista brasileiro vivo, cearense) utilizando a técnica do scratch em vínis de humor. Destilou bases de dub, nujazz, chillout entre outros estilos. Um dos grandes momentos da noite, foi a junção da dupla de jazz com o DJ VJ baiano. Numa completa simbiose, improvisando em cima de uma base de afrobeat de 13 min, os músicos do Duo Jazz Fusion transcenderam, embalados pela batida ancestral. Foi uma "explosão" de sonoridade e improvisação. O baterista, amigo, Giovani Longo deu "canja" em algumas músicas. Foi uma noite inesquecível. Quem viveu sabe. Até o próximo sábado!

http://www.myspace.com/edsonjuniormusic - Página do Edson Junior (Guitarra)

http://www.myspace.com/djkoyrana - Página DJ VJ Koyrana


Um pérola do Ancestral Groove Baiano.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Igreja católica homenageia "crucificador"


Celebração dos 30 anos da morte do delegado Sérgio Fleury, torturador da ditadura civil-militar, reúne cerca de 70 pessoas em São Paulo. Em entrevista sacerdote explica homenagem a militar

Por: Lúcia Rodrigues e Tatiana Merlino


Título original: Uma missa para o torturador


Uma coroa de flores com o formato e as cores da bandeira nacional enfeita o altar da igreja Nossa Senhora de Fátima, no bairro do Sumaré, capital paulista. Penduradas nela, pequenas faixas com os dizeres, "ordem e progresso" e "herói nacional". Ao centro, a foto do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos maiores torturadores da ditadura civil-militar (1964-1985), morto há 30 anos.
Cerca de 70 pessoas, entre parentes, amigos, delegados aposentados, representantes da TFP (Tradição, Família e Propriedade) e agentes do serviço reservado da polícia celebraram na noite de quarta-feira (6), o aniversário de três décadas de falecimento de Fleury. Entre eles, estava o delegado aposentado Carlos Alberto Augusto, conhecido como Carlinhos Metralha. Augusto, torturador temido nos porões do regime, integrou a equipe de Fleury e convocou a missa pela internet: "familiares, amigos, ex-policiais do DOPS e informantes contam com sua presença à missa".
Um dos policiais do serviço reservado trajava calça jeans, jaqueta e boné, lembrava o Lula sindicalista do ABC, com sua barba grande. Não fosse pelos abraços calorosos que distribuía entre os presentes, poderia imaginar tratar-se de um militante da esquerda que sofreu na pele as agruras da ditadura. Ciro Moura, ex-candidato a prefeito, nas últimas eleições, pelo PTC (Partido Trabalhista Cristão), que herdou o número da legenda de Collor, foi o único político a comparecer à cerimônia.
Antes do início da celebração, do lado de fora da igreja, velhos amigos conversavam animadamente, enquanto era distribuído um panfleto com a foto do homenageado e os seguintes dizeres: "Sua morte deixou em nós uma lacuna impreenchível. Só o tempo poderá atenuar a sua perda irreparável para a sociedade brasileira. Dr. Fleury ficará na memória de todos, a sua inesquecível figura que tanto bem semeou. À sua passagem, sempre cumprindo ordens superiores e defendendo a sociedade". Entre os carros luxuosos que entravam ao estacionamento, havia adesivos colados. Em um se lia referência ao General Heleno, comandante militar da Amazônia. Outros adesivos faziam alusões à defesa do porte de armas.
A igreja Nossa Senhora de Fátima está próxima da sede da Opus Dei, localizada na avenida Alfonso Bovero, e do Centro de Estudos Universitários do Sumaré, mantido pela instituição.

Os presentes à missa do “herói nacional”, a maioria homens, vestiam terno e tinham cabelos brancos. Alguns mais novos, de terno e gravata, usavam broches com a bandeira do Brasil. As poucas mulheres, de cabelos tingidos de loiro ou ruivo, maquiagem pesada, salto alto, meia calça, terninho.
A missa foi celebrada por Frei Yves Terral, que, durante a homília, afirmou que "Fleury teve, há 30 anos, uma feliz ressurreição" e que "estamos reunidos hoje para lembrar sua memória, e não deixar a história morrer". Durante a cerimônia, que teve início às 19 horas e durou 28 minutos e 45 segundos, o religioso disse frases como: "nós amamos Fleury", "Deus ama Fleury" e "Estamos reunidos para lembrar o ideal do jovem Fleury, lembrar que ele tinha um ideal". Na hora do Pai Nosso, Frei Yves pediu aos presentes que orassem "em nome de Jesus e Fleury".
Yves Terral é um franciscano, da ordem co-irmã a dos freis dominicanos, Tito, Fernando e Ivo barbaramente torturados pelo delegado Fleury. O religioso, que em entrevista disse ser amigo de policiais militares, também celebrou a missa de sétimo dia do coronel da PM Ubiratan Guimarães, assasinado em setembro de 2006. Ubiratan foi o responsável pela invasão da PM paulista ao Complexo Penitenciário do Carandiru, em 1992, que resultou na morte de 111 presos.
O delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury morreu em 1º de maio de 1979, na Ilhabela, litoral norte paulista, de forma misteriosa. Pouco depois de comprar um iate, supostamente caiu no mar e se afogou ao saltar de uma embarcação para a sua. As autoridades policiais da época mandaram que seu corpo fosse enterrado sem ser submetido a necropsia. Fleury estava à frente do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), um dos mais temidos órgãos da repressão, e era o responsável por assassinatos e torturas que ocorriam no local.
O delegado ganhou "notoriedade" quando chefiou o Esquadrão da Morte, milícia clandestina formada por policiais que coalhava de corpos de supostos bandidos os terrenos baldios da periferia de São Paulo e do Rio de Janeiro. Fleury liderou, ainda, o fuzilamento do guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Marighella, na Alameda Casa Branca, em São Paulo, em 1969. Ao final da missa, a reportagem conversou com Frei Yves. Confira abaixo:


Lúcia Rodrigues - O senhor considera o Fleury um herói nacional?
Frei Yves Terral - Eu não considero, não. Não vem ao caso isso. Eu sou ministro da eucaristia. Na minha mesa todo mundo, até a direita, pode participar. E o Fleury era um desses casos. Não há o que impeça ele de poder participar de uma eucaristia. Eu estava em Mato Grosso, na época do Fleury.
Tatiana Merlino - O senhor conheceu o delegado Fleury?
Frei Ives Terral - Não, não. Eu estava na faixa de fronteira. Não conheci nem pelos jornais. Os jornais nem chegavam lá. Quando chegavam, era com atraso e era sinal de que não tinha notícia importante no Brasil. Porque quando tinha notícia importante não sobrava para nós. Agora eu acho bonito que celebrem a memória. Herói é uma palavra carregada de poder.
Lúcia Rodrigues - É porque na coroa de flores que estava perto do altar [coroa em formato da bandeira do Brasil, com a foto de Fleury ao centro, em que se lia em uma tarja: herói nacional]...
Frei Yves Terral - Sim, no altar. Era do pessoal que veio. Era dos parentes, da família. Era, seguramente, muito bonita a coroa.
Lúcia Rodrigues - E por que eles escolheram esta paróquia para realizar a missa?
Frei Yves Terral - Diante de muitas possibilidades... Não acho nada de mais.
Tatiana Merlino - Achei que a família frequentasse a paróquia.
Frei Yves Terral - Se frequenta...
Lúcia Rodrigues - O senhor não conhece?
Frei Yves Terral - Não conheço. Eu tenho amigos. Fui chamado para pôr uma imagem de nossa senhora, faz muito tempo, na Polícia Militar, no comando. Encontrei uma turma de jovens oficiais, com formação francesa, cheios de ideal, que realmente me trouxeram admiração. Admiração abre caminho para amizade. Então, eu tenho alguns amigos militares. Talvez entre eles tenham falado: lá tem o frei Yves para rezar por nós. Se amanhã vier a família do Meneguelli [provavelmente se refere a Carlos Marighella] pedir para rezar uma missa aqui, eu vou rezar e vou fazer o que Jesus faz. Se colocar compassivo, do ponto de vista daquela pessoa, daquela família, daqueles amigos.
Tatiana Merlino - Durante a celebração, o senhor disse que o Fleury tinha um ideal.
Frei Yves Terral - Tenho certeza. Sem o conhecer, eu tenho quase absoluta certeza. Todos os oficiais têm um ideal. Pela profissão, tem sempre um risco de vida maior. No início de sua profissão, da vocação, há um ideal. Depois, algumas vezes, diante da realidade, pode ter coisas belíssimas e coisas que alguns podem discordar. Mas Deus não criou gente ruim.
Lúcia Rodrigues - O senhor acha que ele é uma figura polêmica?
Frei Yves Terral - Está na história. Está na história. Só que é uma história que não é contada, por enquanto. O outro lado foi muito bem contado. Porque estão no poder. São sempre os vencedores que contam a história.
Lúcia Rodrigues - Quem são os vencedores?
Frei Yves Terral - Os vencedores que estão no governo atualmente. No PT. Essa história daquele lado está sendo contada. O outro não está e Deus queira que não seja contada tão cedo.
Tatiana Merlino - Deus queira que não seja contada, por quê?
Frei Yves Terral - Porque não está na hora de recomeçar o que foi feito, me parece. Porque estamos numa democracia. Que tem que ser corrigida. Vocês da imprensa sabem muito bem. Vocês embaralham até o Lula.
Lúcia Rodrigues - O Fleury não era um torturador? O senhor rezou durante a missa em nome do Fleury e não pelo Fleury. Eu não sou católica, mas em geral se reza pela alma da pessoa e não em nome da pessoa.
Frei Yves Terral - Não podem me culpar por ter rezado pelo Fleury.
Lúcia Rodrigues - O senhor rezou em nome do Fleury.
Frei Yves - Eu pedi para que a turma que estava meio fria, se manifestasse. Foi uma forma de fazê-los participar. A turma que estava lá, era um pessoal mais reservado. Não era nenhum carnaval, nenhuma vitória do Corinthians. Então, era uma forma deles participarem, era emprestar palavras ao Fleury. Para se manifestarem um pouco. Uma missa não pode ser só o presidente.
Lúcia Rodrigues - O senhor acha que isso ajudou a celebração?
Frei Yves Terral - Ajudou eles a participarem. Senão, não teriam participado. Alguns não teriam participado de nada.
Lúcia Rodrigues - Por quê?
Frei Yves Terral - Não sei. Porque não estão acostumados a participar de uma missa. Por diversos motivos. Tem gente que vai numa missa de sétimo-dia e não fala nada, só segura lágrimas. No Brasil, há tantos tipos de culturas. Graças a Deus. Tem de se conviver. Pode-se rezar uma missa para defuntos de um jeito ou de outro.
Lúcia Rodrigues - Eu entendo a posição do senhor. O senhor é padre e reza por bandidos. O Fleury era um torturador, que assassinou várias pessoas. E o senhor ainda reza em nome dele?
Frei Yves - Espera aí, Espera aí. Eu vivi em Mato Grosso. E tinham umas pessoas que a igreja não mandava abençoar quando morriam. Todas morreram de morte violenta. Eu abençoei todos aqueles que me foram apresentados. Você estava lá?
Lúcia Rodrigues - Onde?
Frei Yves - Quando ele morreu?
Lúcia Rodrigues - Não. Eu era criança.
Frei Yves - Mas Deus estava. Não podemos saber o que aconteceu. Não podemos fazer mau juízo do próximo. Agora, posição política eu não tenho. Eu não sou nem brasileiro.
Tatiana Merlino - O senhor disse que ele tinha um ideal.
Frei Yves - Tinha um ideal.
Tatiana Merlino - Torturando os opositores?
Frei Yves - Isso não foi quando ele era jovem. Foi depois. Deus o criou bom.
Lúcia Rodrigues - Mas dentro de uma igreja, ter uma bandeira nacional com a foto dele, escrito herói nacional... Um torturador não é um herói.
Frei Yves - O mandamento é honrar pai e mãe. É isso que quer dizer a bandeira brasileira. Foi uma honra.
Lúcia Rodrigues - Há quanto tempo o senhor está no Brasil?
Frei Yves - 43 anos.
Tatiana Merlino - E em São Paulo?
Frei Yves - Há 30.
Lúcia Rodrigues - Então o senhor estava aqui quando o Fleury morreu.
Frei Yves - Pode até ser. Mas como teve essa mudança de Mato Grosso para cá, naquela época... Não posso dizer se ele morreu quando eu estava em Mato Grosso ou aqui.
Tatiana Merlino - É claro que para a igreja todos são filhos de Deus. Mas o senhor celebrou a missa com uma simpatia muito especial pelo delegado Fleury.
Frei Yves - O meu Deus é compassivo. O meu Deus é compassivo. Ele se põe do ponto de vista da pessoa. A senhora procure se por do ponto de vista de Jesus.
Tatiana Merlino - O senhor sabia que o delegado Fleury era um torturador?
Frei Yves - Eu sabia que era um homem político, que contestava. Que teve uma história não apenas de um simples delegado, mas de uma dimensão política mais forte.
Tatiana Merlino - Que era um torturador?
Frei Yves - Sei lá se era torturador.
Lúcia Rodrigues - O senhor não sabia que ele era um torturador?
Frei Yves - Escuta aqui. No Araguaia, por exemplo. O soldado que foi mandado para lá, para restabelecer a ordem. Se matou alguém, ele era um torturador?
Lúcia Rodrigues - O delegado Fleury é um torturador. Existem pessoas que foram torturadas por ele e outras que viram companheiros sendo assassinados no pau-de-arara, inclusive.
Frei Yves - Então precisa de mais reza ainda. Precisa mais de reza do que outros.
Lúcia Rodrigues - Mas o senhor sabia que ele era um torturador?
Frei Yves - Eu sabia o que todo mundo sabe. Agora se vocês falam que ele era um torturador... Eu não sei. Eu não lembro, eu estava no Mato Grosso.
Lúcia Rodrigues - A morte dele saiu na TV.

Frei Yves - Mas você pensa que em Mato Grosso tinha TV?
Lúcia Rodrigues - Mas o senhor já estava em São Paulo.
Frei Yves - Eu sou muito amigo do Dom Paulo [Evaristo Arns]. Li todos os livros dele.
Lúcia Rodrigues - O Dom Paulo diz que ele é um torturador.
Tatiana Merlino - Então o senhor leu o Brasil Nunca Mais?
Yves Terral - Mas isso não tira o direito dele ter uma missa. Não pode ser negado esse direito.
Lúcia Rodrigues - O que nós estamos dizendo é da sua simpatia e da forma que foi colocado. O que surpreendeu foi o senhor ter rezado não por ele, mas em nome dele.
Yves Terral - Eu faço isso em todas as missas. Praticamente faço isso em todas as missas.
(fonte: Revista Caros Amigos)


Comentário


por Jesiel Oliveira Filho


Considerando a ficha corrida do atual pontífice, o ex-oficial nazista Ratzinger, ficha que está em perfeita sintonia com o passado genocida eescravocrata da igreja católica -- e do cristianismo em geral, convém frisar--, não vejo qual a incompatibilidade entre o ato piedoso da missa e o alvo da homenagem... Infelizmente, é raro faltar estômago aos sacerdotes do crucificado quando se trata de louvar crucificadores. Basta recordar das fartas "indulgências" para gerações de nobres e burgueses tiranos, das inúmeras guerras "abençoadas" contra pagãos, dos suplícios "purificadores"conduzidos pela Inquisição, do apego sacrossanto do clero às estruturas do poder secular. Claro, sempre houve padres dissidentes que orientavam sua moral e sua ação por um compromisso fraterno com o povo oprimido, pessoas que no mais das vezes acabaram trucidadas ou desterradas pela instituição a que serviam. Em todo caso, e considerando principalmente a trajetória hipócrita e obscurantista do cristianismo ao longo do sangrento século XX, e tão reiterada neste princípio do XXI, me parece que está mais do que na hora de cravar uma definitiva estaca no coração dessa entidade pervertida. A interpretação mística da vida e da realidade, o sentimento da fé, são experiências humanas que devem, certamente, ser respeitadas. Por sua vez, acho totalmente descabido continuar a atribuir valor e poder de verdade coletiva a tais manifestações, cujos pressupostos muito facilmente têm servido de lastro a toda sorte de atrocidades. Se as religiões podem desempenhar uma função terapêutica importante para lidar com questões como o medo da morte, a busca de uma explicação totalizante para o real, etc, nempor isso qualquer uma delas -- e muito menos o intoleranticíssimo cristianismo -- podem continuar a desfilar impunemente suas gravíssimas contradições, em especial no que diz respeito à defesa concreta da liberdade humana. Enfim, acho que é preciso sim retomar abertamente como palavra-de-ordem o brado com que Voltaire costumava encerrar seus manifestos pela emancipação do ser humano da alienação religiosa: "Esmagai! Esmagai a Infame!". Pôr a baixo o Vaticano, e todas as suas filiais, continua a ser uma urgente tarefa histórico-cultural, tendo em vista construir o genuíno "além-do-humano" a que Nietzsche nos conclamava.


abçs, Jesiel



terça-feira, 12 de maio de 2009

Game japonês virtualiza estupro e pedofilia

No Japão a indústria de games incentiva a violência contra adolescentes e mulheres. O país é considerado por orgãos de defesa dos direitos humanos como um berço da pornografia e criticam o crescimento do mercado que explora imagens infantis, batizado como "complexo Lolita".
"RapeLay", jogo japonês lançado em 2006, continua causando polêmica na Ásia e em outros continentes. O game, onde o protagonista estupra uma adolescente, a engravida e depois força um aborto, desenvolvido no Japão, causa comoção mundial, trazendo à tona uma discussão bastante pertinente: existem limites nos games? Instituições ligadas a arganizações dos direitos humanos em Nova Iorque, nos Estados Unidos, tem solicitado o banimento do jogo e, consequentemente, a proibição de sua venda em lojas físicas e online.
No Reino Unido, desde fevereiro, a venda do game é proibida na Amazon, umas das maiores franquias de e-commerce do mundo. A loja americana também acatou a decisão e tirou o título de sua prateleira virtual.
No Japão, entretanto, país de origem do game, o título continua disponível em lojas online, exceto na Amazon, que também optou por interromper as vendas.
No início deste mês a Equality Now, uma instituição que preza pelos direitos humanos situada nos Estados Unidos, divulgou um documento afirmando que no Japão a indústria de games incentiva a violência contra adolescentes e mulheres. Eles ainda consideram o país um berço da pornografia e criticam o crescimento do mercado que explora imagens infantis, batizado pela instituição como "complexo Lolita". A Equality Now pediu recentemente para 30 mil membros, de 160 países, enviarem cartas de protesto para o Primeiro-Ministro do Japão, Taro Aso, na esperança de que a postura do país frente ao direito da mulher seja mais respeitosa.
o jogo pode ser encontrado nos catálogos de pelo menos cinco vendedores ambulantes que trabalham na região central de São Paulo e em um site na internet. Nenhum dos ambulantes possuía o jogo no local, mas existia na listagem junto com outros de estilo erótico. Além de ter como foco a violência sexual, no jogo há caso de pedofilia. O Ministério Público Federal (MPF) tomou conhecimento da existência do jogo por meio de um alerta da juíza da 16ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo Kenarik Bouijkian Felippe, que faz parte do Grupo de Estudos de Aborto. O caso está sendo investigado pelo Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos do MPF. O procurador acrescenta que o jogo é vendido somente de maneira ilegal e não em estabelecimentos formais o que dificulta a ação de repressão.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Violência contra os Povos Indígenas em 2008

Cimi lança relatório Violência contra os Povos Indígenas – 2008.
No dia 6 de maio, às 20h, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou o relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil –2008, com dados sobre as violências praticadas contra os indígenas e sobre as violações dos direitos indígenas. O lançamento ocorreu durante o 6°Acampamento Terra Livre na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A publicação aborda a violência praticada contra o patrimônio indígena, como os conflitos territoriais e os danos ambientais e a violência praticada contra os indivíduos, como os assassinatos, as ameaças e os atos de racismo. Outro tema abordado pelo relatório são as violências decorrentes da omissão do poder público, como os suicídios e a desassistência à saúde indígena. O capítulo final do relatório apresenta dados sobre ameaças a povos indígenas isolados e de pouco contato que vivem na Amazônia. Apresentamos a seguir alguns dos pontos centrais do relatório. 100%dos suicídios e 70% dos assassinatos de indígenas registrados em 2008 ocorreram no MS. Em 2008, o Cimi registrou 60 assassinatos de indígenas em todo o Brasil. Em comparação com 2007, houve uma diminuição de 32 casos. Como nos anos anteriores, o maior foco de violência contra os povos indígenas encontra-se entre os Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Em 2008, foram registrados 42 assassinatos de pessoas desse povo; 11 a menos do que em 2007. Por outro lado, contabilizou-se 34 suicídios; 6 a mais do que no ano anterior. Isso significa que a soma das mortes violentas (76) permanece elevada. A maioria dos assassinatos foram cometidos pelos próprios Guarani Kaiowá, em contextos de brigas, muitas delas entre familiares. Somado ao crescimento do número de suicídios, percebe-se um quadro de autodestruição entre esse povo, provocado pela precária e violenta realidade que enfrenta. Os Guarani Kaiowá são vítimas de racismo, desnutrição, atropelamentos, falta de assistência à saúde, trabalho escravo entre outras violências. Esta situação resulta de omissões do Estado e de ações governamentais e de particulares, no contexto de acirramento da disputa pela terra no Mato Grosso do Sul. Segundo análise da antropóloga Lúcia Rangel, organizadora do relatório, permanece inalterado o quadro que provoca a violência contra os Guarani Kaiowá: “Nos últimos anos, o confinamento [dos indígenas em exíguas parcelas de terra] tem se intensificado, por causa do avanço dos latifúndios agrícolas, sobretudo as plantações de soja e da cana-de-açúcar (...) Há uma resistência muito grande, em todas as camadas da sociedade não-indígena, contra qualquer processo de regularização das terras Guarani Kaiowá. Essa resistência tende a crescer e se soma a um forte preconceito e racismo contra os indígenas.” Em 2008, a Fundação Nacional do Índio (Funai) constituiu Grupos Técnicos (GTs) para realizar estudos para identificação das terras do povo Guarani-Kaiowá. No entanto, o setor agrícola e políticos do Mato Grosso do Sul, incluindo o governador do estado, pressionam ogoverno federal a não executar os estudos, atrasando o procedimento dedemarcação. No Maranhão, exploração de recursos naturais gera agressões e mortes. Em 2008, depois dos Guarani Kaiowá, foi o povo Guajajara, no Maranhão, que enfrentou os piores índices de violência contra a pessoa. Foram registrados 3 assassinatos, 7 vítimas de tentativas de assassinato, 6 ameaças de morte e 1 espancamento. As agressões foram cometidas por não-indígenas, que, em geral, vivem nas cidades vizinhas às terras dos Guajajara. Os crimes ocorrem num contexto de preconceito e constantes ameaças contra os indígenas. Um dos casos exemplares desse contexto foi o assassinato da menina Maria dos Anjos, de 6anos, ocorrido em 5 de maio de 2008. Ela assistia TV com a família, quando o assassino passou por uma rodovia ao lado da aldeia e atirou a esmo para a casa onde a menina estava, atingindo-a na cabeça. A exploração ilegal de madeira dentro das terras indígenas também provoca a violência contra os Guajajara. Além disso, a presença constante dos madeireiros e o desmatamento ameaçam a sobrevivência de pelo menos 60 pessoas do povo Awá Guajá que vivem sem contato com a sociedade envolvente.
Assassinatos em contexto eleitoral
Minas Gerais foi o estado com segundo maior número de registros de assassinatos de indígenas(4 casos). Dentre as vítimas, estava um apoiador da campanha que reelegeu José Nunes de Oliveira, do povo Xakriabá, para prefeito de São João das Missões. Também no contexto eleitoral foi assassinado Mozeni Araújo de Sá, liderança do povo Truká, candidato a vereador em Cabrobó (Pernambuco).
Criminalização: Agentes do Estado perseguem povos indígenas
No ano de 2008, ações do Estado em diversas regiões do país acirraram o processo de criminalização dos povos indígenas e suas lutas. Destacam-se, nesse contexto, as operações da Polícia Federal na terra do povo Tupinambá, na Bahia, e as ações judiciais contra os Xukuru, em Pernambuco. Os conflitos fundiários e preconceito são as principais causas dessas agressões. No Brasil e em toda a América Latina, as ações dos movimentos sociais do campo e da cidade, cada vez mais, passaram a ser tratadas como crimes. Esse processo desqualifica as legítimas reivindicações dos setores populares. Em outubro de 2008, por exemplo, no sul da Bahia, a Polícia Federal feriu mais de 20 pessoas numa operação de busca e apreensão do cacique Rosivaldo (conhecido por Babau), do povo Tupinambá. Ele é processado por lutar por sua terra tradicional. Na ação, a PF usou mais de 25 viaturas, 100 agentes e um helicóptero. Além de ferir e prender indígenas, a Polícia destruiu roças, escolas, carros, casas, etc. Em Pernambuco, quase 40 lideranças do povo Xukuru estão sendo acusadas de envolvimento em diversos crimes. Em um único caso, 35 indígenas, incluindo o cacique do povo, são rés num processo judicial que apresenta diversas falhas e foi questionado por vários grupos de direitos humanos.
Preconceito
Além das agressões que resultam em danos físicos, o ano de 2008 ficou marcado pela intensa campanha racista contra os povos indígenas nos principais meios de comunicação do país. Os processos judiciais em torno das terras Raposa Serra do Sol (RR) e dos Pataxó Hã Hã Hãe (BA), a luta por melhoria na saúde indígena e a perspectiva de se conseguir a identificação de terras para os Guarani Kaiowá foram os assuntos usados para que o racismo tivesse voz no país. Caos no atendimento à saúde persiste em todos os estados. Em 2008, o Cimi (Centro de Mídia Independente) registrou 68 mortes de indígenas (sendo 37 menores de 5 anos) como conseqüência de desassistência à saúde. Estes dados referem-se aos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Maranhão. Em todos os estados, os indígenas denunciam a precária situação de assistência à saúde indígena. Há registros de diversas falha, como: falta de médicos nas aldeias e nos postos de saúde; falta de medicamentos e transporte para doentes, gestantese, inclusive, para as equipes médicas; falta de treinamento para equipes médicas e de pessoal qualificado; falta de instalações adequadas nos centros de atendimento, nos ambulatórios e nas Casas de Assistência à Saúde Indígena(CASAI). Também foram contabilizados 30 casos de falta de saneamento básico oude água potável, principalmente nos estados de Minas Gerais e Santa Catarina. Essas falhas são apontadas como responsáveis por mortes que poderiam ter sido evitadas, porexemplo, a dos 15 bebês Xavante, que faleceram em janeiro de 2008, no MatoGrosso.
Contatos: Marcy Picanço - (61)99797059 /imprensa@cimi.org.br
Maíra Heinen - (61)99796912 /editor.porantim@cimi.org.br

Carta do MST a Augusto Boal


"O teatro mundial perde um mestre, o Brasil perde um lutador, e o MST um companheiro. Nos solidarizamos com a família nesse momento difícil, e com todos e todas praticantes de Teatro do Oprimido no mundo", diz carta do Movimento dos Sem Terra em homenagem a Augusto Boal. "Aprendemos contigo que podemos nos divertir e aprender ao mesmo tempo, que podemos fazer política enquanto fazemos teatro, e fazer teatro enquanto fazemos política. Poucos artistas souberam evitar o poder sedutor dos monopólios da mídia, mesmo quando passaram por dificuldades financeiras. Você, companheiro, não se vergou, não se vendeu, não se calou".
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou a seguinte carta escrita em homenagem a Augusto Boal, falecido neste sábado, 2 de maio: Companheiro Boal, A ti sempre estimaremos por nos ter ensinado que só aprende quem ensina. Tua luta, tua consciência política, tua solidariedade com a classe trabalhadora é mais que exemplo para nós, companheiro, é uma obra didática, como tantas que escreveu. Aprendemos contigo que os bons combatentes se forjam na luta. Quando ingressou no coletivo do Teatro de Arena, soube dar expressão combativa ao anseio daqueles que queriam dar a ver o Brasil popular, o povo brasileiro. Sem temor, nacionalizou obras universais, formou dramaturgos e atores, e escreveu algumas das peças mais críticas de nosso teatro, como Revolução na América do Sul (1961). Colaborou com a criação e expansão pelo Brasil dos Centros Populares de Cultura (CPC), e as ações do Movimento de Cultura Popular (MCP), em Pernambuco. Mostrou para a classe trabalhadora que o teatro pode ser uma arma revolucionária a serviço da emancipação humana. Aprendeu, no contato direto com os combatentes das Ligas Camponesas, que só o teatro não faz revolução. Quantas vezes contou nos teus livros e em nossos encontros de teu aprendizado com Virgílio, o líder camponês que te fez observar que na luta de classes todos tem que correr o mesmo risco. Generoso, expôs sempre por meio dos relatos de suas histórias, seu método de aprendizado: aprender com os obstáculos, criar na dificuldade, sem jamais parar a luta. Na ditadura, foi preso, torturado e exilado. No contra-ataque, desenvolveu o Teatro do Oprimido, com diversas táticas de combate e educação por meio do teatro, que hoje fazemos uso em nossas escolas do campo, em nossos acampamentos e assentamentos, e no trabalho de formação política que desenvolvemos com as comunidades de periferia urbana. Poucas pessoas no Brasil atravessaram décadas a fio sem mudar de posição política, sem abrandar o discurso, sem fazer concessões, sem jogar na lata de lixo da história a experiência revolucionária que se forjou no teatro brasileiro até seu esmagamento pela burguesia nacional e os militares, com o golpe militar de 1964. Aprendemos contigo que podemos nos divertir e aprender ao mesmo tempo, que podemos fazer política enquanto fazemos teatro, e fazer teatro enquanto fazemos política. Poucos artistas souberam evitar o poder sedutor dos monopólios da mídia, mesmo quando passaram por dificuldades financeiras. Você, companheiro, não se vergou, não se vendeu, não se calou. Aprendemos contigo que um revolucionário deve lutar contra todas, absolutamente todas as formas de opressão. Contemporâneo de Che Guevara, soube como ninguém multiplicar o legado de que é preciso se indignar contra todo tipo de injustiça. Poucos atacaram com tanta radicalidade as criminosas leis de incentivo fiscal para o financiamento da cultura brasileira. Você, companheiro, não se deixou seduzir pelos privilégios dos artistas renomados. Nos ensinou a mirar nos alvos certeiros. Incansável, meio século depois de teus primeiros combates, propôs ao MST a formação de multiplicadores teatrais em nosso meio. Em 2001 criamos contigo, e com os demais companheiros e companheiras do Centro do Teatro do Oprimido, a Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré. Você que na década de 1960 aprendeu com Virgílio que não basta o teatro dizer ao povo o que fazer, soube transferir os meios de produção da linguagem teatral para que nós, camponeses, façamos nosso próprio teatro, e por meio dele discutir nossos problemas e formular estratégias coletivas para a transformação social. Nós, trabalhadoras e trabalhadores rurais sem terra de todo o Brasil, como parte dos seres humanos oprimidos pelo sistema que você e nós tanto combatemos, lhes rendemos homenagem, e reforçamos o compromisso de seguir combatendo em todas as trincheiras. No que depender de nós, tua vida e tua luta não será esquecida e transformada em mercadoria. O teatro mundial perde um mestre, o Brasil perde um lutador, e o MST um companheiro. Nos solidarizamos com a família nesse momento difícil, e com todose todas praticantes de Teatro do Oprimido no mundo. Dos companheiros e companheiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra 02 de maio de 2009.


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Para onde vai o esgoto da Costa do Sauípe/BA?


Documentário denuncia que revela um escándalo ambiental envolvendo o governo do estado da Bahia e a construtora Norberto Odebrecht. Durante o processo de construção do complexo hoteleiro Costa do Sauípe, situado no litoral norte, próximo à capital, Salvador. O governo do estado da Bahia e a construtora Norberto Odebrecht se comprometeram a construir com um orçamento de mais ou menos R$ 12.000.000,00 uma estação de tratamento de esgoto que resolvesse o problema de escoamento do complexo. Esse valor foi conseguido através de empréstimo junto ao banco mundial e aos sócios majoritários do empreendimento turístico. O projeto original concebia a construção de um emissário submarino, obra que "inviabilizava" a inauguração do projeto a curto prazo. Logo o projeto original foi modificado para atender aos interesses políticos locais. O que vemos no vídeo é uma estação de tratamento precária que decanta o esgoto e joga a água suja e contaminada com produtos químicos direto no rio Sauípe, matando os peixes e crustáceos, gerando um impacto ambiental sem retorno para as comunidades que sobrevivem dos recursos naturais daquela região. Mais um exemplo perverso da política baiana Carlista de "desenvolvimento" que em nome dos interesses pessoais ilude o povo com palavras prosaicas e atitudes vis. Quem algum dia pensar em se hospedar no complexo turístico costa do sauípe deve se perguntar: Para onde vai o esgoto daqui? A resposta está no vídeo.

Roteiro e Direção - Andrigo de Lázaro (DJ VJ Koyrana)

Cameras - Andrigo de Lázaro, David Cavalcanti e Daniel Lisboa

Edição - David Cavalcante e Coletivo Mote

Desenho de áudio - Andrigo de Lázaro e Coletivo Mote

Trilhas - Tom Zé, Otto e Rebeca Mata

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O que é ser homem hoje

Mulheres e gays nunca falaram tanto sobre o que são e o que querem. Mas qual é o desejo dos homens heterossexuais nos dias de hoje?
Título Original: O silêncio do macho
Por: ELIANE BRUMebrum@edglobo. com.br Repórter especial de ÉPOCA, integra a equipe da revista desde 2000. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de Jornalismo. É autora de A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo) (Eliane Brum escreve às segundas-feiras)
O sociólogo francês Daniel Welzer-Lang está no Brasil para falar de seu novo livro, ainda sem tradução para o português. Nous, les mecs poderia ser traduzido como “Nós, os machos” ou “Nós, os caras”. Nele, o sociólogo, professor titular do departamento de Sociologia e pesquisador do Laboratório Interdisciplinar Solidariedades, Sociedades, Territórios, da Universidade de Toulouse II, fala sobre algo crucial do nosso tempo. Estudioso da masculinidade e da violência, Welzer-Lang diz: “Nós estamos vivendo, hoje, uma época paradoxal: nunca antes as mulheres, ainda submetidas a formas variadas de dominação masculina, falaram, discutiram e contestaram tanto. Nunca antes os gays, lésbicas e bissexuais abordaram tanto seus modos de vida. Entretanto, os homens continuam em silêncio”. Welzer-Lang cita o sociólogo canadense Marc Chabot: “A palavra dos homens é o silêncio”. O que é ser homem, hoje? Pergunta difícil. O lugar do homem no mundo contemporâneo é uma excelente pergunta ainda com poucas respostas. Provavelmente porque a crise da masculinidade levará não a um modelo fechado, mas a múltiplas possibilidades. No espaço público e privado, os homens pouco debatem suas dores, muito se debatem com as fronteiras difusas do seu papel. Tenho observado a trajetória errática de amigos e conhecidos, tentando entender o que o mundo – e as mulheres – espera deles. E sem coragem de fazer uma pergunta mais perigosa, que vai doer mais, mas talvez os leve para um lugar no qual possam se reconhecer: qual é o meu desejo? Perguntar sobre o que somos é sempre uma indagação sobre o desejo. Penso que os homens heterossexuais têm se perguntado muito pouco sobre seu desejo. Quase como se não tivessem direito à pergunta, menos ainda à resposta. É como se, culpados por séculos de opressão das mulheres e igualmente condenados por séculos de afirmação homofóbica, não tivessem direito a querer nada. É a vez das mulheres, dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros pronunciarem o seu desejo – e quanto mais alto melhor. Aos homens heterossexuais coube introjetar um “cale-se, vocês já falaram durante séculos”. Resta a eles o silêncio. Voltam-se então para o que nós, as mulheres héteros, cada vez mais verborrágicas, esperam deles. E nós, também tão confusas sobre o que esperar de nós mesmas, diante de tantos imperativos à altura apenas de super-heroínas, os enlouquecemos. O “homem novo” seria uma mistura de ursinho puff com godzilla (meigo, mas com pegada). Potente, mas voltado apenas para a satisfação do nosso desejo, ele teria de alcançar, nos confins do nosso corpo, pontos nebulosos cada vez mais avançados no alfabeto. O “homem novo” deve ser sensível, mas se “falhar” no sexo, algumas de nós contarão do “fracasso” para a amiga com secreta satisfação no dia seguinte. E ele nunca mais será olhado com o mesmo respeito. Enchemos a boca para falar de nossa carreira, de nossa independência e do dinheiro que ganhamos, mas não estamos muito dispostas a sustentar um marido desempregado ou num mau momento profissional, sem considerá-lo um loser. Reservamos epítetos machistas para as ex-mulheres de nossos homens, e muitas de nós competem com as filhas desses casamentos como se disputássemos o mesmo lugar. Por outro lado, esperamos que eles sejam os pais de nossos filhos, quando soar o alarme dos 30 e poucos, mas também podemos reduzi-los a um espermatozóide anônimo num banco de esperma, se for necessário. E se eles não quiserem ter filhos, uma escolha legítima nos dias de hoje, pelo menos para nós, no caso deles é porque não cresceram, seguem estacionados na adolescência e, de novo, não conseguiram tornar-se homens. Esse comportamento não é circunscrito às mulheres de classe média. Tenho observado e conversado com mulheres pelas periferias de São Paulo. Muitas sustentam a casa, criam os filhos e não sabem bem para que serve o homem dentro de casa. Algumas parecem manter os maridos por uma crença de que é importante, ainda que devido a um certo status na comunidade, ter um. Mas não têm muita esperança de descobrir para que mais servem. E falam deles com um desprezo acachapante. No mesmo sentido, basta ir a qualquer bairro de periferia de uma grande cidade, para descobrir que as mulheres não estão em casa durante o dia, mas muitos homens sim. E para não assumir o território ainda tabu do lar, ficam pelos bares, pelas ruas, se alcoolizando ou se drogando. Ou arrumando briga, a violência como um espaço que ainda reconhecem como seu. Sem trabalho, sem perspectiva, sem lugar. E sem conseguir verbalizar essa dor, menos ainda elaborá-la. Se perguntarem a nós, mulheres-alfa (!!!?), o que esperamos do novo homem, machos de todas as classes sociais vão descobrir que é muito mais fácil passar por um ritual de virilidade de alguma tribo indígena. Ou matar um lobo numa caverna, como fez Leônidas, o rei de Esparta, no filme 300. Aliás, num mundo em que todos os rituais e os privilégios do macho foram eliminados ou estão subjudice, como se reconhecer? Como não silenciar diante do barulho dos “dominados”, que invocam o direito de igualdade? Como saber o que é um homem se não é preciso mais de um nem para fazer um filho? Em uma entrevista ao Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM), uma das entidades que o trouxe ao Brasil, Welzer-Lang diz, com muita lucidez: “Nós somos socializados, enquanto dominantes, na luta para ver quem é o melhor, o mais forte. Mas também somos socializados de maneira homofóbica e vistos como ‘os grandes incapazes afetivos’. É tempo de os héteros fazerem também seu coming out, falarem da pluralidade de seus desejos e de suas práticas”. Sou otimista. Acredito que essa profunda crise do masculino levará a homens muito mais livres em suas possibilidades. E penso que cabe a nós, mulheres, suspender um pouco a nossaverborragia tão perto da histeria e escutar com mais generosidade nossos parceiros. Escutar sem os preconceitos dos tantos papéis que assumimos – e dos tantos que impingimos a eles. Escutar é talvez o mais profundo ato de amor. E é sempre um começo sedutor para um encontro entre corpos com alma. Os homens não são os únicos a bater cabeça por aí. Também nós sofremos e nos confundimos o tempo todo. Assim como continua não sendo fácil ser gay, lésbica ou transgênero. Mas acho que hoje é mais difícil para um homem saber o que é, qual é o seu lugar e qual é o seu desejo. Penso que são os homens heterossexuais que hoje vivem um grau variado de repressão. E, diante de demandas tão contraditórias, sofrem sem ousar perguntar qual é o seu desejo. A esses homens, sugiro suspender por um tempo a questão do que nós, mulheres, esperamos de vocês – e passar a perguntar o que querem de si, para si.

Senso crítico digital

As transmissões móveis são as mais evidentes fontes de novas receitas para as emissoras de televisão. Essa é a única grande questão que se instala hoje no desenvolvimento das transmissões digitais terrestres no Brasil. A novidade é que o advento incontornável da TV móvel pode fazer com que posições de audiência sofram alterações dramáticas da noite para o dia.



Título original: "TV DIGITAL você que está aí em casa"
Por: Nelson Hoineff

O usuário brasileiro ainda não entendeu - porque não lhe deram aoportunidade para isso - que neste momento, no Brasil, a TV digital terrestre não se limita à questão das transmissões em HDTV ou à ocupação do espectro com multiprogramação (três ou quatro programações diferentes vindas pelo mesmo espaço físico). Para o consumidor final, isso não faza menor diferença - e nem vai fazer por um bom tempo. Há, porém, um aspecto de outro atributo da TV digital, a mobilidade, que a princípio estava negligenciado, mas que mostra agora que a questão é bem outra. Um sinal veemente disso pôde ser visto semana passada pormeio de uma declaração do presidente da Abert, Daniel Pimentel Slaviero, que passou despercebida pela grande imprensa. Slaviero afirmou, em defesa do que dissera em Los Angeles o presidente da NAB, David Rehr, que as transmissões móveis são as mais evidentes fontes de novas receitas para as emissoras de televisão. Essa é a única grande questão que se instala hoje no desenvolvimento dastransmissões digitais terrestres no Brasil. O conteúdo para TV móvel não deve - e não pode - ser o mesmo para a TV fixa. Não se trata de mero exercício de retórica, mas da constatação de por onde está caminhando o modelo de negócios em televisão.
*Hora do almoço*
Até ontem, a televisão era fixa. Ficava presa a um canto da sala ou do quarto de dormir. Ainda hoje todos os narradores, especialmente os esportivos, referem-se aos telespectadores como "você que está aí em casa". Em dois anos, isso será tão politicamente incorreto quanto referir-se de forma debochada à etnia do participante de um show. O rádio também já foi fixo. Hoje não é fácil encontrar alguém que ouça rádio em circunstâncias que não sejam móveis: no automóvel ou preso ao próprio braço, por exemplo. O telefone, este era fixo até ontem. Uma linha móvel, na década passada, custava dez mil dólares - e mesmo depois disso as ligações originárias de aparelhos celulares eram muito mais caras que as originárias de telefone fixo. Isso mudou. O resultado é que as redes fixas estão perigosamente ociosas e ninguém mais utiliza um telefone fixo se tiver um receptor móvel por perto. Seu próximo celular (que cada brasileiro levará em média mais 8 mesespara comprar) terá como item obrigatório a capacidade de receber sinais gratuitos de televisão móvel. Por enquanto há tão poucos aparelhos no mercado que os sinais são os mesmos que os entregues aos televisores fixos. Mas, quando, num piscar de olhos, o espectador brasileiro estiver assistindo televisão no ônibus ou durante o almoço, o seu horário nobre terá mudado. A dona de casa que hoje vê televisão aberta pela manhã pode gostar muito de Ana Maria Braga, mas o problema está no fato de que os trabalhadores que estão no ônibus no mesmo horário preferem ver os gols da rodada, por exemplo. A TV tem três alternativas: derrubar quem está em casa, derrubar quem está no ônibus, ou entregar a cada um o que ele está querendo ver. Até agora, o horário nobre é definido como o espaço de tempo compreendido entre o momento que o cidadão chega em casa e a hora em que ele vai dormir. Isso no Brasil acontece entre 19 e 23h. Por isso, 82% das receitas publicitária emanam daí. Daqui a alguns meses não será assim. Os horários nobres serão também os do ônibus, o do almoço, o de qualquer momento em que o espectador tenha com sua TV uma relação mais individual, porque ela não estará pendurada em lugar algum; estará na palma da sua mão.
*Artefato monolítico*
As plataformas digitais podem não conseguir implantar cenários de multiprogramação - pelo menos entre os canais privados brasileiros - e ocenário do HDTV será pouco mais do que uma continuidade do que acontece. O povo já está se acostumando à idéia de que a televisão que lhe é oferecida por 7 mil reais lhe dá o grande atrativo de ver com mais nitidez as rugas do Faustão - e isso não lhe parece muito excitante. Assistir televisão por aparelhos portáteis, no entanto - sejam receptores ou, caso mais provável, celulares com esse serviço -, vai estimular ao paroxismo a competitividade e obrigar as estratégias de programação que fujam do marasmo. Executivos de programação são hoje pagos para ver o que o outro está fazendo e fazer parecido. Isso é tudoo que existe de criação, no momento, na televisão brasileira. Não é um cenário estimulante para a inteligência e nem para a indústria. A novidade é que o advento incontornável da TV móvel pode fazer com que posições de audiência sofram alterações dramáticas da noite para o dia. O novo espectador de televisão não é o "você que está aí em casa". É o individuo que está em qualquer parte e que não compartilha o que está vendo. É principalmente o jovem, que abandonou a televisão porque aquilo que está pendurado na parede lhe trata como débil mental. A programação móvel vai buscar o espectador onde ele estiver. Pode continuar tratando-o como um idiota, mas se alguém quiser um conselho degraça, é bom que não o faça. A garotada caiu fora da TV porque sabe que não é oligofrênica. Seu próximo celular vai receber sinais de TV aberta. Os burocratas que estão procurando o que há de novo para copiar acreditam, por exemplo, que programação para /teenagers/ é a que tenha surfistas ou gatinhas tatuadas. Desconhecem que antes de pensar no conteúdo que irá para a tela o que importa é descobrir a maneira devoltar a falar com uma galera que durante muito tempo a televisão emburreceu, entorpeceu, humilhou. A TV está se tornando mais individual e isso não tem volta. Essa é amelhor chance que as TVs comerciais já tiveram para alterar os cenários vigentes há cinqüenta anos. É também a primeira chance que a televisão pública terá para mostrar que não está tomando dinheiro do povo para exibir baboseiras de última qualidade. A TV móvel é uma instância bastante adequada para se buscar um novo diálogo com um espectador que caiu fora da TV porque foi sistematicamente insultado por ela. Um jovemque aprendeu a lidar com a possibilidade de escolha e decidiu não ficar parado diante de um artefato monolítico pendurado em casa.

sábado, 2 de maio de 2009

Liminar proíbe Marcha da Maconha em Salvador


Por Eder Luis Santana A Tarde On Line


A juíza Nartir Dantas, da 2ª Vara Privativa de Tóxicos, acatou o pedido feito por quatro promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecco), do Ministério Público Estadual (MPE), e impetrou liminar suspendendo a realização da Marcha da Maconha em Salvador. O evento estava programado para acontecer no próximo domingo, dia 3, no Farol da Barra. Os promotores ingressaram com uma ação cautelar ontem, alegando que a Marcha da Maconha faria apologia ao uso de drogas, sendo organizada por pessoas não identificadas que estariam se reunindo para discutir o assunto por meio de um site que não aponta quem são os responsáveis do evento. Além disso, o MPE defende também que atos públicos desse tipo serviriam para divulgar a informação de que a maconha faria bem à saúde física e mental de seus usuários. Essa é a segunda vez que o MPE consegue intervir nesse movimento. No ano passado, uma liminar embargou o ato público que sairia do Campo Grande até a Praça da Sé. Cerca de 50 pessoas chegaram a ir ao local com faixas e cartazes para protestar dentro do que chamavam de “Marcha da Democracia”. Ainda assim, a polícia foi acionada para inibir a ação dos jovens.
REPERCUSSÃO – Este ano, uma cópia da liminar será enviada a outros 14 estados onde estão agendadas Marchas da Maconha entre os dias 2, 3 e 9 de maio. A ideia é fazer com que o evento seja embargado com antecedência, como aconteceu em João Pessoa (PB), onde a Justiça também exigiu o cancelamento. No entanto, pelo menos no Rio de Janeiro já foi conseguido um habeas corpus que garante a realização no dia 9. Ao saber da decisão judiciall, o representante da União Nacional dos Estudantes no Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), Sérgio Vidal, lamenta que mais uma vez seja vedado o direito de discutir uma questão importante como o uso da maconha. Sérgio explica que a Marcha teria o objetivo de promover reflexões sobre a política de leis relacionadas a drogas no Brasil. “Não é um evento somente para usuário de maconha. É para qualquer pessoa que se interesse por esse debate”, afirma, após lembrar que desde a semana passada 10 mil panfletos vinham sendo entregues em bares e shows para alertar sobre o dia do evento e pedir que ninguém fumasse maconha durante a Marcha. “Com esse tipo de ação, o MP reforça a exclusão em relação aos usuários da maconha”, assinala Vidal. Questionado sobre o fato do MP argumentar que o site utilizado para divulgar o evento seria “clandestino”, ele lembra que o Coletivo Marcha da Maconha Salvador, formado por estudantes de universidades públicas e privadas na capital baiana, é responsável pela organização do evento e todos os contatos estão disponibilizados no site.
COMENTÁRIO
Por: Luis Carlos de Alencar
Pois é, acho que essas marchas podem ter um bom potencial de provocação. Eu não entendo o porquê dos movimentos sociais e entidades de Direitos Humanos em geral, que atuam com a questão da violência, não aderirem a ela mais efetivamente. Todo mundo sabe que sob os auspícios desse discurso é que se tem a política mais efetiva de mata-preto e queima-pobre nesse (só?) país . Penso que por sua origem ser estudantil de classe média é, portanto, estigmatizada. Aqui no rio, por exemplo, ela vai ocorrer em Ipanema. Ou será que falta mesmo culhão (ou trompa!) pra botar a cara na reta pela descriminalização? Apesar disso, esse será um dos bons caminhos para dar visibilidade ao tema. De minha parte, sou a favor da descriminalização generalizada e irrestrita do uso de qualquer droga - críticas não só contrárias à política de probição, mas tb ao processo de criminalização como solução de conflitos (pra não falar de como "a guerra contra o tráfico" justifica determinadas demarcações da geopolítica internacional, vide plano colômbia & floresta amazônica). Caberia à esfera da educação e da saúde pública trabalharem a prevenção em seus diversos graus. Claro que a discussão não é simples assim, mas é necessário avançar desse maldito lugar em que estamos. Esse debate é fundamental para entender e agir sobre a escalada de violência e de fascimo que testemunhamos. Temos que apoiar essas iniciativas.
beijos, luis